sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Estes Maravilhosos Seres: Os Cães

Tive sempre cães, desde os perdigueiros do meu avô aos meus cães Terra Nova. Alias, nem imagino a minha vida sem estes adoráveis seres. Há uns 20 anos, escolhi a raça Terra Nova, por ser "o cão dos mares da Terra Nova", (teve a sua origem na ilha com mesmo nome, no Canada), e por ter um temperamento maravilhoso, (depois mais que comprovado) e que ainda hoje consegue me supreender. De uma lealdade sem fim, exímio nadador, (tem membrana interdigital maior do que qualquer outro cão), tem uma aptidão fascinante para salvamento na água. É por muitos considerado o "salvador dos mares" e também um dos cães de trabalho mais fortes, já desenvolvidos....para mim um cão perfeito!

Lord Byron, um dos grandes poetas românticos ingleses (adorava o nosso Portugal), quando o seu amado cão Boatswain (um Terra Nova) morreu de hidrofobia em 1808, ele o enterrou dentro da sua propriedade e construiu um monumento em sua homenagem. Byron cuidou do seu amigo até o final, mesmo correndo o risco de ser ferido e contaminado pela raiva. Nenhuma homenagem a um cão é tão famosa como o "Epitáfio a um Cão" de Lord Byron. O poema escrito em 1808 ficou gravado na lápide de Boatswain e é marcado por largos e justos elogios ao seu tão amado cão Terra Nova:

"Epitáfio a um Cão" de Lord Byron:

"Perto daqui
Estão depositados os despojos daquele
Que possuía Beleza sem Vaidade,
Força sem Insolência,
Coragem sem Ferocidade,
E todas as virtudes do Homem sem seus Vícios.

Este elogio, que seria uma Adulação sem sentido
Se escrito fosse sobre Cinzas Humanas,
É somente um justo tributo à Memória de
BOATSWAIN, um CÃO
Que nasceu em Newfoundland em Maio de 1802,
E morreu em Newstead, em 18 de Novembro de 1808.

Quando um orgulhoso Filho de Homem retorna à terra
Desconhecido pela Glória mas sustentado pelo Berço,
A arte do escultor exaure a pompa do infortúnio,
E urnas ornadas registam aquele que descansa abaixo
Quando tudo está terminado, sobre a Tumba é visto
Não o que ele foi, mas o que deveria ter sido.

Mas o pobre Cão, na vida o mais fiel amigo,
O primeiro a dar as boas vindas, na dianteira para defender,
Cujo coração honesto é do próprio Dono,
Que trabalha, luta, vive, respira somente por ele
Sem honra se vai, despercebido seu valor,
Negada no Paraíso a Alma que tinha na terra;
Enquanto o homem, fútil insecto, tem a esperança de ser perdoado,
E reivindica para si só exclusividade no Paraíso!

Oh, homem, frágil, breve inquilino
Rebaixado pela escravidão, ou corrompido pelo poder,
Quem te conhece bem, deve rejeitar-te com desgosto,
Massa degradada de poeira viva.
Teu amor é luxúria, tua amizade inteira ilusão
Tua língua hipocrisia, teu coração decepção.

Por natureza mau, dignificado apenas pelo nome,
Cada irmão selvagem pode fazer-te corar de vergonha.
Vós que, por ventura, contemplais esta Urna simples
Ficais sabendo, não homenageia ninguém que jamais pantear,
Para marcar os despojos de um Amigo estas pedras se levantam,
Nunca conheci nenhum, excepto um único - e aqui ele descansa.

Newstead Abbey, 30 de Novembro de 1808".... em testamento pediu para ser enterrado juntamente com seu amado Cão.




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